EXPIAÇÃO ANIMAIS

>> terça-feira, 23 de dezembro de 2008


Em texto assinado por Carlos de Brito Imbassahy, publicado pelo Jornal Espírita, edição de Fevereiro de 1999, o mesmo tenta dar resposta a um leitor de nome João que afirma existirem animais no plano espiritual. Infelizmente no meio espírita muitos pensam da mesma maneira. Para responder mais esse lamentável achismo, sem rodeios, basta recorrermos ao Livro dos Médiuns, cap. XXV, Evocação dos animais, onde encontramos o seguinte : "Podemos evocar o Espírito de um animal?". Os Espíritos responderam: "Depois da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele, fica em estado latente; este princípio é imediatamente utilizado por certos Espíritos encarregados deste cuidado para animar de novo seres nos quais continua a obra de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há Espíritos de animais errantes, mas somente Espíritos humanos. Isto responde à sua pergunta".
Ou ainda, na questão 600 do Livro dos Espíritos : "A alma do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado errante, como a do homem, após a morte?" Resposta: "Fica numa espécie de erraticidade, pois não está unida a um corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo que constitui o atributo principal do Espírito. O Espírito do animal é classificado, após a morte, pelos Espíritos incumbidos disso, e utilizado quase imediatamente: não dispoõe de tempo para se por em relação com outras criaturas."
Em outra passagem, Imbassahy afirma que os animais estão sujeitos à mesma lei de causa e efeito, ou seja a mesma lei de resgate que os homens. Novamente, recorreremos ao L.E., pergunta 602: "Os animais progridem como o homem, por sua própria vontade, ou pela força das coisas?". Resposta: "Pela força das coisas; e é por isso que para eles, não existe expiação". Essa questão é complementada posteriomente na questão 604-a: "A inteligência é assim uma propriedade comum, um ponto de encontro entre a alma dos animais e a do homem?". Resposta: "Sim, mas os animais tem senão a inteligência da vida material; nos homens, a inteligência produz a vida moral".
Apesar dos Espíritos serem muito claros em suas respostas, teceremos ainda assim algumas considerações. É evidente que os animais não podem estar sujeitos a mesma lei de ação e reação que os homens, porque somente este participa da vida moral. É insensato acreditar que os animais sofram as consequências de seus atos, sejam eles quais forem. Se os mesmos, como afirmam os Espíritos superiores, não possuem nem ao menos consciência de si mesmos, como podem possuir consciência de suas ações? Ora, somente os homens, participando da vida moral, possuem capacidade cogniscível para diferenciar uma atitude boa de uma ruim, o bem do mal, erros e acertos, porque, reconhecendo-se como uma individualidade, reúne condições de questionar-se, avaliar ações e principalmente reconhecer-se como fonte geradora das mesmas. Isso consequentemente o habilita a responder e admitir responsabilidades sobre elas, sofrendo suas consequências. Eis a finalidade do resgate. O animal somente possui individualidade e uma inteligência rudimentar nesta etapa de sua evolução.
Caso estivessem realmente sujeitos a mesma lei de ação e reação que os homens, a recíproca também deveria ser verdadeira. Portanto, deveriam receber as recompensas pelos seus supostos atos bons. Outro absurdo. A questão recai na mesma questão relatada acima (602). Se para eles não existe expiação, necessariamente não pode haver recompensas. Se não pode expiar porque não possui vida moral, também não pode ser recompensado.
Para exemplificar, notemos que quando um cão é treinado para matar ou treinado para auxiliar a um deficiente visual, ele não sabe que está cometendo um ato ruim ou um ato bom. Ele foi simplesmente condicionado a isso. Somos nós quem classificamos isto ou aquilo de bom ou ruim, porque somente os seres humanos é que possuem discernimento para interpretar que matar é ruim e que auxiliar ao necessitado é bom. Podemos afirmar: Mas nem todos os homens pensam dessa maneira. Exato. Nem todos os homens podem classificar matar como ruim e auxiliar como bom. Porém, ainda que os Espíritos obedeçam aos imperativos de seu grau evolutivo, podemos seguramente afirmar que, todos, tendo alcançado o estado hominal já possuem capacidade de distinguir o bem do mal, ainda que não o façam em sua condição atual.
Nos homens o fato de não proceder dessa maneira não significa que não possam. Os animais entretanto não o fazem porque não podem. Ainda não reuniram condições para isso. Aliás, se pudessem expiar, é porque poderiam responder por si próprios e se pudessem responder por si próprios, poderiam igualmente escolher as provas que os fizesse adiantarem-se. Não seria justo "cobrá-lo" e não oferecer-lhe liberdade de escolha sobre meios que os fizessem progredir.
Somente os homens estão sujeitos a lei de ação e reação. Os animais, não. E isso não faz com que as leis divinas percam seu equilíbrio. Ao contrario, mostra-nos ainda mais sua coerência e justiça perfeitas, colocando as coisas nos seus devidos lugares, conforme nos revela a questão 618 do L.E.: "As leis divinas são as mesmas para todos os mundos?". Resposta: "A razão diz que elas devem ser apropriadas á natureza de cada mundo, e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam".
Realmente, as leis de Deus devem ser proporcionais ao nível evolutivo das criaturas. Da mesma maneira que animais não podem expiar, plantas e mineirais, apesar de estarem na mesma escala evolutiva do Espírito, também não podem. Seria ridículo pensar que a erva daninha seja punida futuramente, devendo resgatar seu ato, porque devastou uma plantação.
Finalizando, as análises feitas a respeito da lei de ação e reação sobre os animais, nos serve ainda para demonstrar a inutilidade desses seres no plano espiritual. Com que fim estariam na espiritualidade se não guardam consciência de si mesmos? Que progresso alcançariam se não podem reavaliar ou planejar suas existências, se não podem gozar ou expiar?
O assunto é longo. O primordial é compreendermos as respostas dadas pelos Espíritos da codificação para não cairmos em novas divagações absurdas, que somente trazem desordem ao Movimento Espírita. Poderíamos poupar muitas confusões doutrinárias se nos dedicássemos a estudar profundamente os ensinamentos contidos na Codificação. Sem dúvida, acreditar em Jesus, no Espírito de Verdade e em Kardec, tanto quanto em Espíritos atrasados ou em opiniões particulares, é direito de cada um. Mas, evitar a propagação de falsas interpretações ou idéias é um dever de todo espírita verdadeiro.

0 comentários:




  © Blogger template Romantico by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP