PRURIDO: O QUE FAZER

>> sábado, 31 de janeiro de 2009


O seu cão está com comichão. Porquê? O que é que se pode fazer?

Tenho um cão com 3 anos cruzado de Pastor Alemão.. Apresenta um problema muito desagradável: rói as patas dianteiras que se apresentam cheias de feridas e erupções entre os dedos. O resto do corpo está óptimo e o animal está bonito e aparentemente saudável. Alimento-o com ração que adquiro no supermercado local, à mistura com ossos do talho! Noto algum alívio se lhe der antibióticos e colocar pomada à base de cortisona nas patas. Porém após retirar esse tratamento, volta tudo ao mesmo. Já fiz testes à Leishmaniose e deu negativo. O que faço? Não posso estar a pôr pomada nas patas do cão eternamente!"


De fato lamber as patas é sinal que algo não está bem com a saúde do cão. Alguns donos julgam que este comportamento é normal e não consultam o veterinário para descobrir a causa do problema. De fato roer as patas pode ser um vício de qualquer cão ou cadela, em qualquer idade ou raça. Por vezes a situação agrava-se durante os períodos de maior calor na Primavera e Verão.

A dieta desempenha um fator importante.
A causa principal é uma doença chamada atopia, mais conhecida nos humanos por "febre-dos-fenos". Ao contrário dos humanos, a forma mais vulgar que a doença assume é inflamação na pele e nas patas. Os alérgenos mais vulgares que despoletam as crises são: pó, ácaros do pó, pólens de árvores (especialmente pinheiro e eucalipto), ervas, gramíneas e outras plantas, bolores, caspa (humana ou de outros animais), lã e picadas de insectos.

Alguns cães com atopia podem apresentar irritação na pele ao nível da face, membros anteriores (axilas) e zona lombar. Esta doença é por vezes responsável por otites crónicas e problemas oculares. Raramente se manifestam problemas respiratórios (espirros, intolerância ao exercício, asma, tosse e corrimento nasal).

Se o cão sofrer de dermatite alérgica à picada da pulga, então é provável que roa as patas. Algumas substâncias químicas também podem contribuir para alergia em contato direto com as patas (shampoos, detergentes, desinfectantes, etc). Ao passear no campo temos de ter em atenção que certas plantas (ouriços, praganas) podem-se alojar na patas desenvolvendo irritação local.

Infecções da pele (piodermites) podem ser causa inicial do roer da patas, mas mais vulgarmente são consequência do traumatismo que o cão inflige a si próprio. Alguns destes agentes são bactérias (estafilococos), fungos (malassézia), ou ácaros (demodex). A maioria destes agentes encontram-se ao nível da pele sem haver sinais de piodermite. As alergias podem por si só provocar comichão suficiente para o cão lamber as patas até as deixar inflamadas quentes e húmidas.

Nestas circunstâncias os agentes acima descritos podem aproveitar terreno e multiplicarem-se desenvolvendo piodermite, por vezes de difícil tratamento. A piodermite é também pruriginosa, mas de carácter mais grave! Cabe ao médico veterinário determinar a causa inicial e estabelecer o tratamento mais adequado. Isto porque se houver piodermite instalada, não basta só medicar o cão contra a comichão, mas há que controlar a infecção secundária, senão o problema jamais se resolverá.

A cortisona é um excelente anti-inflamatório e anti-pruriginoso. Infelizmente se mal usada pode piorar a piodermite e permitir que a infecção se alastre. Portanto é fundamental estabelecer um diagnóstico correto a fim de estabelecer a terapêutica mais adequada.

Às vezes não é fácil diagnosticar à primeira a causa subjacente. Se um caso não responde bem ao tratamento há que fazer mais exames e experimentar nova terapia.

Estes exames podem incluir: raspagens e posterior exame microscópico, avaliação da tiróide (cães hipotiroideos - bócio, podem exibir piodermites crónicas), e testes na pele para detectar alérgenos.

Em caso de tratamento prolongado com antibióticos pode ser útil um teste de sensibilidade aos antibióticos, para verificar qual o mais adequado para a estirpe bacteriana em causa.

O tratamento é mais ou menos elaborado consoante as causas subjacentes. Pode incluir antiparasitários externos BASTANTE EFICAZES (para pulgas ou ácaros), antibióticos, corticosteróides, tiroxina (em cães com mau funcionamento da tiróide), banhos com shampoos ou loções específicas (à base de clorhexidina ou peróxido de benzoilo).

Uma vez identificados os alérgenos responsáveis, há que evità-los! Por vezes é impossivel. O tratamento regular com anti-histamínicos pode ajudar. Evitar passeios em pinhais, relvados ou outras zonas onde abunde o alérgeno em causa pode ajudar.

Os verdadeiros alérgicos (cães com atopia) podem ter de tomar cortisona via oral para o resto da vida. É necessário desmistificar este tratamento. Os corticosteróides não assim tão maus como muitas pessoas julgam. De fato em certos casos são mesmo vitais para o boa recuperação do animal. Normalmente usam-se em esquemas terapêuticos de CURTA duração até se obter o alívio desejado. Confiar exclusivamente nestes medicamentos sem se ver as verdadeiras causas subjacentes, vai redundar num tremendo fracasso. Mesmo nos doentes que necessitam de cortisona para o resto da vida, o tratamento encetado deve ser intermitente (nunca contínuamente), quando o cão andar com mais comichão e na mais baixa dose eficaz possível.

Nas alergias alimentares, o cão coça-se quando ingere determinado alimento, especialmente nas patas e abdómen. Os principais alimentos culpados são fontes de proteína a que o animal reage com maior hipersensibilidade. Pode ser a derivados do leite ou carne (cavalo e porco são muitas vezes culpados), mas há cães alérgicos ao frango ou à vaca! Certos animais inclusivé podem ter sintomatologia gastro-intestinal associada, por vezes expulsando fezes sanguinolentas. Só a estreita colaboração com o médico veterinário pode conduzir à descoberta do alimento culpado. Actualmente existem dietas veterinárias de despiste de alergias alimentares. Trata-se de rações especificamente preparadas para o efeito, cuja composição é quase improvável que o cão já tenha comido. Assim se as condições da pele melhorarem com tal dieta, o diagnóstico de alergia alimentar está comprovado. A confirmação será o retorno dos sintomas após o cão voltar a comer o alimento que comia previamente. Neste caso o tratamento médico é de pouco valor, sendo a cura definitiva do prurido equivalente à erradicação total do alimento-problema.

Tratamentos novos estão em franca expansão. O uso dos ácidos gordos Omega 3 e Omega 6 na proporção correcta, proporciona uma acção anti-inflamatória muito eficaz e sem efeitos secundários. Podem-se adquirir nos centros de atendimento veterinário. Também existem disponíveis no seu veterinário assistente, dietas preparadas já com altos teores destes ácidos gordos anti-inflamatórios. Estas dietas são extraordinariamente importantes quando se suspeita de alergias alimentares.

0 comentários:




  © Blogger template Romantico by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP